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Foto do escritorDom Ernandes

A Fome Emocional

Atualizado: 20 de dez. de 2023




Essa semana encerramos a série de posts falando sobre os tipos de fome e o como elas influenciam a nossa vida e cotidiano, desenvolvida pela Dra. Shirley Vitorino, psicóloga Clínica na linha de atendimento da Gestalt Terapia, desde 2016 que vai liderar essa série. Hoje falaremos da fome emocional.

“ELA É URGENTE E ENVOLVE A NECESSIDADE DE COMER ALGO GOSTOSO EM GRANDES QUANTIDADES E PODE COMEÇAR OU SE AGRAVAR DEPOIS DE UM LONGO TEMPO DE PRIVAÇÕES ALIMENTARES (DIETAS RESTRITIVAS).

AO MESMO TEMPO QUE SE COME, GERA-SE PENSAMENTOS DE CULPA E ARREPENDIMENTO. (SOPHIE DERAM, NUTRICIONISTA; LIVRO: O PESO DAS DIETAS, 2014)

Mas vamos então entender a fome emocional. A fome emocional está ligada ao nosso estado mental e pode aparecer de repente, ativada por um estado de estresse, cansaço, tristeza, raiva, desanimo, confusão, ansiedade e até alegria e euforia. Você pode até ter terminado de almoçar, estar com o estômago cheio e satisfeito, mas se o seu estado mental estiver ativado com alguma emoção, em 20 minutos após o almoço, você sente que precisa comer alguma coisa (isso não é fome fisiológica, é um desconforto que as emoções estão causando, e você não sabendo como lidar com isso, vai em busca de conforto.)

E onde se encontra conforto rápido e acessível? Na comida! Afinal, essa busca também pode estar ligada à nossa memória afetiva, de quando você ainda era um bebê e sua mãe lhe oferecia o peito para te acalmar, quando na verdade você estava talvez cansado, com um desconforto das dores de uma cólica ou com sono, aí você recebia um leitinho quentinho e um colinho, era o que bastava para te fazer se sentir melhor. Ou, quando você era criança e não queria comer toda a comida que era posta no prato, e te era então oferecido uma recompensa. A sobremesa!

Você ficava tão feliz que mudava de ideia na hora e comia toda a comida, e a sobremesa. Agora, depois de um dia estressante, uma briga com o seu chefe, uma tarefa difícil, mas bem-sucedida você também quer sua recompensa, afinal você merece! E você vai então atrás da comida gostosa que é sua recompensa. E que comida é essa?

Açúcar e gordura (fritura, hambúrguer, pastel, bolo, chocolate, sorvete, e tudo que vai ativar o sistema de recompensa em seu cérebro e você vai produzir dopamina (o neurotransmissor que é responsável pela sensação de prazer e conforto). E por que não sentimos vontade de comer coisas saudáveis nessa hora? Por que não sentimos vontade de comer frutas e verduras por exemplo?

Porque o sistema de recompensa do nosso cérebro é o que nos leva a fazermos nossas escolhas e preferências alimentares e é ele também que desenvolve a preferência pelo açúcar, assim, quanto mais exposto ao açúcar nós estivermos, mais esse sistema vai pedi-lo.

A combinação de açúcar e gordura gera muito prazer. Ingerir alimentos saudáveis também leva o corpo a produzir dopamina, mas em um nível basal, que é o que precisamos diariamente, mas a superexposição ao açúcar e a gordura como conservantes nos alimentos processados e em fast food do estilo de vida moderna, desequilibram o nosso corpo nos viciando em comer para gerar prazer. Principalmente quando estamos emocionalmente afetados.

Assim, a fome emocional ativa esse sistema de recompensa em nosso cérebro nos levando a buscar imediatamente uma recompensa e um conforto para o nosso sofrimento, em vez de nos questionarmos por que estamos nos sentindo desconfortáveis e buscarmos resolver o problema.

É aí que nós entendermos que o comer emocional pode vir a se tornar um perigo para que a pessoa desenvolva uma compulsão alimentar. Quando alguém começa a buscar conforto na comida constantemente, isso leva a alguns problemas de saúde e provavelmente ao aumento de peso, que aumenta também o descontrole da fome emocional e fatalmente uma rejeição com a imagem corporal, daí entra o uso de dietas restritivas, que gera irritabilidade e a volta da busca pelo prazer da comida. Toda restrição gera compulsão, essa é a linha tênue entre a fome emocional e a compulsão alimentar.

Logo após a compulsão vem a culpa e mais restrição, e o ciclo só vai crescendo. O corpo acaba perdendo as referências do sistema de regulação de fome e saciedade e a pessoa já não consegue mais reconhecer porque é que ela come. No fundo, tanto a fome emocional quanto a compulsão alimentar começam com as emoções e podem gerar grande descontrole e desconforto ao indivíduo, no entanto, a fome emocional pode ser mais facilmente revertida, enquanto a compulsão alimentar, pode envolver um processo mais trabalhoso por geralmente estar associado a outros transtornos psiquiátricos ou traumas graves.

CONCLUSÃO

Por que é importante que a gente compreenda os tipos de fome?

Bom, nós basicamente sentimos todos os tipos de fome aqui já discutidos em nossas postagens anteriores (fome fisiológica, nutricional, social e específica). Essa divisão didática nos ajuda a reconhecer como a nossa fome se comporta. O que todos nós deveríamos fazer é respeitar o comportamento da nossa fome sem exageros, sem culpa e sem restrição.

Todos devemos sentir a fome fisiológica e não nos incomodarmos quando nossa fome social nos levar a comer um pouco mais, e muito menos, se por uma lembrança ou outra, sentirmos vontade de comer alguma coisa diferente. A preocupação maior deveria ser quando estamos tão preocupados com o que comemos, e se deveríamos ou não comer, pois isso, pode ser um empecilho para uma relação saudável com o ato de comer, o que pode levar a um distúrbio alimentar.

E se nós percebermos que a fome emocional, por exemplo está dominando nosso apetite? Porque parece que ela é a que mais assombra as pessoas.

Sim, quando estamos muito estressados, preocupados ou aflitos isso afeta o nosso apetite, tanto para mais como para menos. Porque na maioria das vezes a fome emocional nos leva a comer demais daquilo que não traz bons nutrientes e instala uma irregularidade na nossa frequência de alimentação, mas pode ocorrer também de uma pessoa estar tão preocupada e tensa, que perde o apetite e isso também trás prejuízo para a saúde.

O ideal é quando percebermos que nosso apetite está descontrolado por conta das emoções, procurarmos compreender como ajustar as situações que estão nos deixando emocionalmente fora da normalidade funcional, e se necessário, buscar ajuda psicológica para resolvermos nossos problemas emocionais e voltarmos a comer normalmente. As vezes, só o fato de entendermos e encararmos nossos problemas, já resolve, mas caso seja difícil lidar com essas emoções, a ajuda profissional de um psicólogo pode direcionar as coisas.

Espero que você tenha gostado dessa nossa série de posts esclarecendo um pouco sobre o funcionamento do nosso apetite, fome e saciedade e o quanto as emoções estão envolvidas com isso. Faça as pazes com a comida e seja mais feliz!

RECEITA – TRUFAS DE CHOCOLATE (PLANT BASED)

INGREDIENTES

  1. 400 g de chocolate vegano meio amargo em barra picado;

  2. 2 colheres (sopa) de óleo de coco sem sabor;

  3. ½ xícara de cacau em pó 70%;

  4. 200 g de creme de leite de soja (industrializado) ou 200 ml de creme de castanha de caju (receita abaixo);

  5. Cacau em pó 100% para decorar.

PREPARO DO CREME DE CASTANHA DE CAJU

  1. 1, ½ xícara de castanha de caju crua.

  2. Deixe de molho de um dia para o outro, (6 horas) em 2,1/2 xícaras de água filtrada.

  3. Depois de estar de molho, despreze a água e bata as castanhas hidratadas no liquidificador com 300 ml de água filtrada, por 3 minutos ou até que esteja um creme bem liso. Está pronto!

PREPARO DA TRUFA

  1. Em uma panela pequena, ferva um pouco de água e desligue.

  2. Na boca da panela, apoie uma tigela de inox ou de vidro, sem que o fundo da tigela encoste na água para não desandar o chocolate.

  3. Derreta o chocolate em banho-maria e retire a tigela da boca da panela.

  4. Acrescente o óleo de coco ao chocolate derretido e misture bem com uma espátula de silicone.

  5. Adicione o cacau em pó 70%, peneirando para não formar nenhum grumo e mexa delicadamente até incorporar.

  6. Em seguida, vá acrescentando aos poucos o creme de leite de soja (ou o creme de castanha de caju), mexendo a cada adição até finalizar.

  7. Deixe esfriar em temperatura ambiente e depois tampe a boca da tigela com um plástico filme e leve para a geladeira por 4 horas.

  8. Retire da geladeira e, com o auxílio de uma colher, vá pegando pequenas quantidades e fazendo bolinhas do tamanho de brigadeiros.

  9. Passe cada bolinha no cacau em pó 100%, retire o excesso e guarde em uma lata ou pote de vidro. Mantenha em local fresco.

Se gostarem da produção acessem o QR Code para adquirir os livros da Nanny, ou suas redes sociais, combinado?

SHIRLEY VITORINO

Psicóloga Clínica na linha de atendimento da Gestalt Terapia, desde 2016. Pós graduada em Docência Universitária, graduada em Letras e Psicologia, especializada com: Curso de Atualização em Aspectos Psicológicos das Patologias Nutricionais; (Instituto de Ensino do Hospital Albert Einstein), Curso de Aprimoramento dos Transtornos Alimentares; ( AMBULIM – do IPQ Instituto de Psiquiatria da USP no HC – Hospital das Clínicas), Curso em Psiquiatria Nutricional – Alimentação e Saúde Mental (Projeto das Profissionais da Nova Psique) e Curso de Chef Vegano na Les Chefs Academia.

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NANNY VITORINO

Nanny Vitorino é chef de cozinha vegana, autora da coleção vegana “Receitas de Família”, pela editora Europa, é formada em gastronomia vegetariana pelo Senac e em confeitaria pelo IGA, especialista em confeitaria vegana e apaixonada por “veganizar” receitas tradicionais com saúde, sabor e beleza.

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