Do Filósofo ao Estrategista
- Dom Ernandes

- 29 de out.
- 4 min de leitura

As Raízes Intelectuais do Generalismo e a Visão Nexialista
O generalismo parece moderno, mas sua alma é antiga. Desde os tempos de Platão, Aristóteles e Voltaire, o ser humano busca compreender o mundo totalmente — não em partes. Hoje, essa busca ganha novo nome e propósito: nexialismo — a arte de conectar o que a sociedade fragmentou.
O termo, resgatado e popularizado no Brasil por Walter Longo, define o profissional capaz de circular entre mundos, traduzir linguagens e criar sentido nas interseções. É a versão contemporânea do filósofo antigo: alguém que une razão e sensibilidade, teoria e prática, profundidade e abrangência.
🏛️Platão e a saída da caverna
Na Alegoria da Caverna, Platão descreve o homem preso às sombras, acreditando que elas são a realidade. O filósofo — ou, no contexto atual, o generalista — é aquele que se liberta, sai da caverna e enxerga a luz. Ele compreende que o conhecimento é movimento que a verdade se revela nas relações, não nas paredes.
No mundo dos negócios, sair da caverna é sair do departamento. É entender que marketing depende de psicologia, que inovação precisa de cultura, que estratégia exige empatia. O generalista é o profissional que ilumina essas conexões.
⚖️Aristóteles e a sabedoria prática
Aristóteles nos ensinou que a sabedoria verdadeira é a phronesis: o equilíbrio entre teoria e ação. Essa ideia é o coração do pensamento de Walter Longo. Para ele, o profissional do século XXI precisa ser estrategista e executor, analítico e criativo, especialista e comunicador.
O nexialista, nesse sentido, é a tradução moderna da phronesis. Ele não vive no mundo das ideias nem preso à rotina das tarefas — ele vive no espaço intermediário onde as coisas se encontram.
🔭Voltaire e o direito de duvidar
Voltaire defendia a dúvida como forma de liberdade. E a dúvida é o combustível do generalista. Ela move o pensamento, provoca o desconforto e abre espaço para o novo.
Walter Longo fala sobre isso quando afirma que a inovação nasce da curiosidade estruturada — a capacidade de duvidar com método. O nexialista duvida não por rebeldia, mas por desejo de compreender.
🔬Bertrand Russell e Karl Popper: a mente que conecta lógica e vida
Russell via na filosofia um modo de ampliar o olhar humano. Popper, com sua teoria da falsificabilidade, ensinou que todo conhecimento é provisório. Ambos defendiam a abertura intelectual — princípio central do generalismo.
Essa mesma abertura aparece no pensamento de Walter Longo, quando ele diz que “a transformação é o estado natural do mundo”. Quem resiste à mudança, estagna. Quem aprende a integrar, evolui.
🌐Bruno Latour e o novo papel do intelectual
O sociólogo francês Bruno Latour via o cientista moderno como mediador entre mundos: natureza, sociedade, política, cultura. O generalista é exatamente isso — um mediador. Ele compreende que não há fronteiras fixas, somente pontes por construir.
Latour e Walter Longo compartilham uma mesma intuição: a realidade é uma rede, e o conhecimento é o mapa que conecta seus nós.
💡O pensamento nexialista: filosofia em movimento
Walter Longo propõe que o nexialista seja o novo arquétipo profissional: o pensador que age e o executor que reflete. Em vez de acumular cargos ou títulos, ele cultiva uma mentalidade de integração.
“O nexialista é aquele que enxerga padrões onde os outros veem confusão.”— Walter Longo
Essa visão tem raízes filosóficas, mas impacto prático. Ela inspira líderes, educadores e empreendedores a olharem para seus negócios como organismos vivos, compostos por múltiplos sistemas em diálogo constante.
🧭Filosofia aplicada à liderança moderna
O líder generalista não é o que sabe mais — é o que sabe ouvir mais. Ele entende que cada colaborador é um especialista em algo, e seu papel é orquestrar esses talentos. Como um maestro, ele cria harmonia a partir da diversidade.
Essa forma de liderança é uma herança direta dos filósofos: buscar o equilíbrio entre o pensar e o agir, entre o ideal e o real.
💬A ética do generalista
Quem compreende o todo, compreende também a responsabilidade de agir com propósito. Walter Longo defende que inovação sem propósito é somente distração. O verdadeiro nexialista não conecta saberes por vaidade, mas para gerar impacto positivo — social, cultural e humano.
Assim, o generalismo deixa de ser somente uma estratégia de carreira e se torna uma filosofia de vida.
🌱O elo entre eras
Platão buscava a luz fora da caverna. Aristóteles, a sabedoria prática. Voltaire, a dúvida criativa. Russell e Popper, o diálogo entre razão e experiência. Latour, a integração entre mundos. Walter Longo, o nexialismo como atitude diante da complexidade.
Todos abordavam o mesmo, em linguagens diferentes: a importância de enxergar conexões onde outros veem fronteiras.
O mundo atual não precisa de especialistas isolados — precisa de pensadores conectores. Gente que vê o invisível entre as disciplinas, entre as pessoas, entre as ideias.
Ser generalista é ser humano em alta resolução. É compreender que a vida — como o conhecimento — é uma teia, e que só quem sabe caminhar por ela entende o verdadeiro sentido de inovação.




Muito bom prof!